sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Sobre lichias e a vida...

Tenho um lado espiritual marcante, coisa de quem estudou 14 anos em um colégio chamado “Paraíso”...Com todos os valores provenientes do termo agregados aos alunos ditos bonzinhos (bendigo o meu irmão que aos cinco anos de idade já tinha sido “expulso do Paraíso”). Foi neste colégio que assimilei a noção de culpa que impregnou o meu ser por dezesseis anos, aprendi a ser mesquinha, preconceituosa, e o principal: aprendi a ver Deus como um juiz intolerante que nos controla como fantoches para sua diversão particular. Felizmente estes valores obtusos foram diluídos pelas minhas experiências de vida...No entanto, continuo a enfrentar graves crises existenciais em decorrência da relação conflituosa que estabeleço com o meu Deus, não sou uma crente passiva...As vezes “fico indignada” com o ser supremo e não tenho medo de dizer isto a ele, insatisfação não é descrença...

Depois de ver “pessoas queimando pessoas” com a naturalidade de quem frita um ovo comecei a reivindicar um novo “dilúvio” porque de repente senti que não havia mais solução, as noções de “humanidade” se diluíam com uma força devastadora e só uma destruição total e irreversível poderia transformar o mundo num lugar melhor..

Certo domingo - “o dia em que a terra parou” - estava eu assistindo ao meu programa preferido: “Globo Rural” (meus amigos dizem que sou estranha, já que não tenho nenhuma vaca leiteira no quintal, e nenhum agronegócio). Bem, falava-se no Projeto Guri, que atende às crianças de alguns assentamentos rurais, a meninada aprende a cantar e tocar instrumentos musicais. Um garoto disse que quando tiver uma casa de verdade, seu pedaço de chão (“um sítio”) vai se chamar “esperança”. Esta foi a gota d’água, aquela que faltava para extravasar o copo!     

Um dia, durante conversa com uma enfermeira do tão famoso Programa Saúde da Família (PSF) sobre os problemas do SUS, ela disse a seguinte frase: “Os profissionais do posto ficam todos falando mal do SUS mas...O SUS somos nós!”. Enquanto ela segue a missão de enfermeira que é “cuidar” recebe críticas porque os outros profissionais dizem: “se fulano não faz, eu também não vou fazer”. Ela não recebe extras por cumprir seu papel de forma devida, e até acumula funções para que tudo funcione corretamente. Pois é, já pensou se nos espelhássemos naqueles que fazem a diferença? Em lugar disso eu andava por aí com meu expressivo egoísmo a exigir um dilúvio...Acho que a enfermeira me emprestou credulidade e o olhar da criança me devolveu a esperança! E onde ficam as lichias? No próximo parágrafo.

Há algum tempo li uma crônica do Artur da Távola, na qual ele dizia que estava velho e por isso não perdia uma oportunidade de chupar manga, o cronista adquiriu com os anos vividos a percepção de que cada segundo de existência é único e nunca sabemos quando experimentaremos a última manga. Ontem provei esta frutinha engraçada chamada lichia...Já ouviu falar? O dicionário diz que lichia é “gênero de árvores da família das sapindáceas, com folhas pinuladas e flores branco-esverdeadas, dispostas em panículas terminais; ocorre nas regiões quentes da Ásia”. Nunca tinha visto um negócio desses mas eu recomendo, é uma delícia...Parece uma pitomba, sendo maior e mais adocicada. Peço desculpas porque esta história de lichias está totalmente fora de contexto, mas eu precisava imortalizar as frutinhas que tanta aprendizagem me cederam. Em tão tenra idade já conheço a preciosidade de cada ínfimo instante...Nunca vou perder uma oportunidade de comer lichia! 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

2013

Generosidade, Empenho, Tolerância, Perseverança, Discernimento, Sabedoria...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

CANÇÕES DE NOVELA...De repente 29

Não, não vou ser escritora famosa.Talvez uma escritora medíocre como tantos outros que existem no mundo, isso se o sonho não sair do roteiro da minha vida.Hoje o meu conselho foi: "não tenha raiva, poderia ser pior".E olha que poderia mesmo, bem afortunados somos diantes de tanto infortúnio, diante de tanta desgraça que há pelo mundo e nos livramos todos os dias.Tenho a orelha de quem vai viver pouco, o dente lá de trás nasceu tarde, coisa de quem vai viver muito.Não importa o quanto vou viver....Tenho algumas coisas a acertar comigo mesma durante a existência. 

Gosto de gente!Isso é um fato.Quero salvar o mundo, mesmo que efetivamente  não consiga fazer quase nada além de tentar salvar a mim mesma e os que estão por perto.Cada vez escrevo menos sobre meus sentimentos e cada vez soa menos literário, estou me perdendo da vocação natural,do sonho infantil.Será que estou me tornando velha demais?Vou ser feliz?Vou ter filhos?Quero ter filhos!Quanto tempo dura o amor pra sempre?Tenho tantas dúvidas...Esperanças...Expectativas...Sonhos...Tenho um mundo em mim!Todos os dias olho para o espelho e digo: não acredite nas pessoas, elas não merecem confiança!No dia seguinte, esqueço e volto a  acreditar...e confiar...e amar gente...   

domingo, 11 de março de 2012

MINHA ÚLTIMA VIAGEM

Aeroporto de Juazeiro...Tic tac,tic tac,tic tac...Relógio marca um tempo sem fim.De repente,vem à minha cabeça aquele período em que fui maranhense, não de nascença, mas maranhense de coração. Quando a cidade de São Luís se tornou o meu lugar de sonhos, o reino de fantasias, onde eu viveria o meu amor sem limites, o meu emprego incrível, e onde recuperaria os amigos e sonhos que a vida me roubou.Quantas madrugadas eu passei naquele aeroporto dormindo abraçada à mala. Aqueles momentos que qualquer pessoa em sã consciência recordaria com um certo ar de cansaço vêm a minha memória de outra forma, é um calorzinho gostoso na alma, sensação de missão cumprida.Afinal,quem sonha não pode ter medo,nem pressa.Estar em casa é bom, mas a gratidão por tudo que passou, a lembrança de ter dado passos lá atrás para chegar até aqui é que me faz ir adiante.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

QUANDO 28 BATEU À PORTA

Continuo engasgada, canto no silêncio: "Quem me dera ao menos uma vez ter de volta todo ouro que entreguei a quem conseguiu me convencer que era prova de amizade(...)Quem me dera ao menos uma vez esquecer que acreditei que era por brincadeira". Todos os caminhos me levam ao mesmo lugar: a busca de respostas. Um dia quero aprender a não me importar mais, a não doer mais, a não sentir mais como se tudo isso fosse apenas um pesadelo(quero ter a consciência de que quando eu acordar tudo continuará igual). Quero simplesmente recomeçar, deixar o que passou no passado. Não faço mais parte, não consigo mais me encaixar a nada. Sou sempre a peça imperfeita do quebra-cabeças.


*Agamben diz: "Os amigos não condividem algo(um nascimento, uma lei, um lugar, um gosto): eles são com-divididos pela experiência da amizade. A amizade é a condivisão que precede toda divisão, porque aquilo que há para repartir é o próprio fato de existir, a própria vida."

sábado, 16 de abril de 2011

A ESPERANÇA É VERDE 2

Faz tempo que não tenho tempo, talvez porque o tempo tenha passado para todos, menos para mim. Ando tão cansada de mendigar, acho que vou ficar imóvel dessa vez. A gente só pode compartilhar aquilo que tem, se meu espírito de pessoa alegre e sociável está hibernando em algum lugar, preciso ficar quieta, até que minha ausência de mim mesma dissipe tantas angústias.

Já percebi que as insatisfações não são compartilháveis. Permaneci no mesmo lugar, no tempo e no espaço. Quem me conhece de verdade sabe que não sou assim, mas afinal, quem me conhece de verdade?O tempo passou, será que as pessoas mudaram?Eu não as conheço, não faço parte do cotidiano delas, não sei quem elas são?Se os mais próximos estão tão distantes, imagino então, quão longe de mim não estarão os distantes?Talvez tenha sido um caminho sem volta.Pelo menos existe um caminho...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

EM BUSCA DE MIM

Ultimamente tenho sentido uma falta de mim. Não sei exatamente... Por que estou me escondendo? Sinto que tenho feito isso 24 horas por dia. Não é muito pelo que sou de verdade, mas pelo que as pessoas esperam que eu seja. Fazer mestrado tem transformado muitas coisas, eu estava tão distante das minhas pretensões juvenis. E agora parece que tenho que me readaptar às pessoas e voltar a pensar o mundo com sensibilidade. Desde que deixei de sonhar e comecei a ver a vida com praticidade, é a primeira vez que sinto esse incômodo terrível. 

Eu achava que nada mais me abalaria, estava aceitando o fato de as coisas não estarem exatamente como eu gostaria que estivessem. Pensava assim...Eu estou no meu lugar no mundo, que foi destinado para mim e do qual não tenho como fugir, porque eu tento, tento e de repente, quando penso que estou perto, tudo recomeça. Para me encontrar tenho que sentir fome, quando como muito não sinto ânimo para me procurar.Não posso estar imersa em uma religião, pensar em Deus me faz tão bem que esqueço de mim. Quando estou diante de outras pessoas fico tentando me refugiar como se eu não encontrasse espaço em nenhum dos lugares onde eu estou, como se o mundo não me coubesse.